sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O crime de ser mulher (ou: por que o falso moralismo religioso faz tanta questão de reduzir a mulher).

Houve um tempo em que a imagem do ser supremo, da força universal, conhecida por Deus, era feminina. A grande mãe era quem governava a vida dos povos. As sociedades eram matriarcais, ou seja, seu governo era centrado na figura feminina. Mas a sede por poder mudou tudo.

fonte da imagem: Pixabay, imagens livres.


Com o domínio das religiões cristãs, a primeira atitude foi considerar as religiões matriarcais como "cultos ao diabo", transformando seus deuses e deusas em demônios. e antes que venham me criticar: eu sou cristã, no sentido de reconhecer a figura de Jesus Cristo como um homem excepcional, que trouxe uma mensagem de amor ao próximo e compreensão. Mas não sou cristã no sentido de admirar o que os homens fizeram com a mensagem de Cristo, transformando-a em desculpa para manipular e dominar. Aliás, acho que o próprio Cristo, se voltar, vai ser o primeiro a se revoltar com os que fizeram isso com seu nome e suas mensagens.

E, para poder definitivamente assumir o poder sobre os povos ancestrais, a maior atitude dos chamados "cristãos", foi colocar a mulher como responsável por todas as desgraças da humanidade, como a figura de Eva, responsável pelo pecado original. Ser mulher era motivo de vergonha. Mulher deveria simplesmente obedecer ao homem: primeiro seu pai, depois seu marido. Não era permitido que tivesse opinião nem vontade própria, afinal, eram consideradas incapazes.

Ao longo dos séculos, o mundo evoluiu, e essa visão da mulher tem melhorado: direitos foram conquistados, a luta feminista mudou muita coisa. Mas no Brasil, vivemos um retrocesso nos últimos tempos.

Ver homens adultos falando de uma menina de 12 anos como não se fala de uma mulher adulta, é nojento. Ver uma bancada parlamentar aprovar um projeto de lei que dificulta o acesso de vítimas de estupro ao atendimento no sistema de saúde, além de criminalizar o aborto em casos de estupro e obrigar o estuprador a registrar a criança (ou seja, ainda por cima a criança vai ter que carregar o nome do desgraçado o resto da vida) é imoral e criminoso. Não se enganem: quem aprova este tipo de lei não está NEM AI para o bem estar dessas crianças, quer simplesmente aplacar seu moralismo duvidoso, evitando que crianças sem o nome do pai apareçam por ai, pois é feios ser filho de mãe solteira, Deus não gosta!!!

Sabe o que Deus (ou a Deusa mãe) não gosta? De gente hipócrita, que se esconde atrás de religião, mas só pensa em prejudicar e enganar! Se você se diz cristão, mas acha que negro não presta, que bicho não tem direitos, pode ser morto a toa, que mulher tem que ficar calada, melhor repensar sua religião, pois de CRISTO, ela não tem nada. Se você acha mesmo que a mulher tem que ser culpada pelos males do mundo, que é a culpada em caso de estupro, que mulher tem que se preservar, pois homem não segura os seus instintos, espero que você nunca tenha filhas, pois sabe, já que você pensa assim, os outros também pensam.

Tem horas que realmente dá vontade de sumir deste país, tamanho o número de absurdos que temos visto nos últimos tempos.

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